quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

OAB 2ª ETAPA CIVIL | PEÇA SIMULADA 01 RESPOSTA

OAB 2ª ETAPA CIVIL | PEÇA SIMULADA 01 RESPOSTA

Apresento, abaixo, o parâmetro de correção da peça simulada 01. A parte em PRETO é estrutura redacional; a parte em VERMELHO é explicativa; e a parte em AZUL é pontuação legislativa ou argumentativa que deve ser desenvolvida pelo candidato.

Lembre-se, seu texto não precisa ser, necessariamente, igual ao que apresento abaixo, nem mesmo organizado da forma como fiz. O importante é que confira, na peça por você desenvolvida, a existência dos argumentos, fundamentos e solicitações (pedidos e requerimentos) apresentados.

Observação: quando no enunciado aparece a expressão “pelo rito legal” (3º parágrafo do enunciado), deve o candidato ter condições de verificar qual o rito em que a ação foi proposta. No presente caso, sendo ação de indenização em razão de acidente de veículos, o rito legal é o sumário, por força do art. 275, II, “D” do CPC.

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PEÇA SIMULADA 01 (simulada pelo Prof. Ival): RESPOSTA

EXMO. SR. JUIZ DE DIREITO DA 49ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE FLORIANÓPOLIS/SC



Processo n....



PEDRO MESSIAS DO CARMO, nacionalidade..., agricultor, estado civil..., endereço..., CPF n..., identidade n..., vem à presença de V. Exa. por seu advogado abaixo assinado, procuração anexa, com endereço profissional endereço..., nos termos do art. 39, I, CPC, nos autos da AÇÃO DE INDENIZAÇÃO, em que é parte contrária DIEGO ARMANDO MESSI RIQUELME, argentino, profissão..., estado civil..., endereço..., identidade n..., apresentar CONTESTAÇÃO, pelos fatos e fundamentos abaixo

TEMPESTIVIDADE

[como toda peça que tem prazo para ser apresentada em juízo, é bom que o candidato demonstre, nesses casos, a tempestividade da peça – ver observação acima – abaixo um mínimo parâmetro redacional]

A presente demanda foi proposta pelo rito legal, ou seja, pelo rito sumário, já que estamos diante de uma ação de indenização em razão de acidente de veículo de via terrestre.

Desta forma, a presente contestação é tempestiva posto que apresentada na audiência, uma vez frustrada a tentativa de conciliação, conforme art. 278, CPC.

PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE ATIVA

[deverá o candidato narrar que o autor busca receber valores que seriam devidos, caso a culpa fosse do réu, à locadora. Ele, autor, não efetuou pagamento à locadora, não se sub-rogando em nenhum direito. Assim, está buscando direito que não lhe é próprio]

- CPC art. 3º

- CPC art. 6º

- CPC art. 267, VI

[destaque: o requerimento não será de extinção do processo, somente de extinção do pedido de danos materiais]

DO MÉRITO

Breve síntese dos fatos da inicial

Busca o autor indenização por danos morais e materiais, afirmando que o réu teria agido com culpa e, assim, causado o acidente de veículos narrado na petição inicial.

Abaixo se demonstrará, entretanto, que o autor não tem nenhum direito.

[técnica redacional: para sintetizar afirme, primeiro, quais os pedidos feitos pelo autor e generalize, a seguir, os argumentos do autor, sem detalhar. Lembre-se, no exame de ordem você tem pouco espaço para desenvolvimento da sua peça]

Da Inexistência de culpa do réu. Da culpa exclusiva do autor

[ao contestar uma ação de responsabilidade civil deverá o candidato, inicialmente, buscar: ou a inexistência de culpa do réu ou a inexistência de dano. Concorrendo as duas situações, como ocorre no presente caso, poderá o candidato optar por alegar primeiramente uma ou outra situação]

- alegar inexistência de culpa, já que o réu não estava em velocidade excessiva, matéria a ser comprovada por testemunhas.

- alegar a culpa exclusiva do autor, já que trafegava na contramão de direção.

- Lei 9503/1997 (Código de Trânsito Brasileiro): Art. 186, inciso I

- arguir a impossibilidade da alegação autoral de desconhecimento das leis brasileiras: Decreto-Lei 4657/1942, Art. 3º (Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro)

- Código Civil: artigos: 186 e 927 - como não há culpa por parte do réu ele não praticou nenhum ilícito, não havendo, assim, responsabilidade de indenizar.

Da inexistência de dano

E, mesmo que acredite o magistrado que o réu agiu com culpa, o que se admite apenas a título de argumento, não ocorreu nenhum dano na esfera jurídica do autor, nem material nem moral.

- alegar a inexistência de dano material, já que o autor não teve nenhum prejuízo, se eventualmente alguém teve foi a locadora.

- tentativa de enriquecimento ilícito do autor, buscando indenização de valores não desembolsados.

- inexistência de dano moral, já que o mero desconforto não causa nenhum dano.

Do excesso de reparação pretendida

[depois de discutir a inexistência dos elementos constitutivos do ilícito e da obrigação de indenizar, no presente caso inexistência de dano e de culpa, deve o candidato verificar, em respeito ao princípio da eventualidade, se há valores indenizatórios pretendidos fora dos parâmetros legais ou ofendendo o princípio da razoabilidade; existindo, como no caso analisado, deverá alegar o excesso na pretensão]

Caso V. Exa. acredite, entretanto, que valores indenizatórios seriam devidos ao autor, o que se alega em respeito ao princípio da eventualidade, vem o réu arguir que a pretensão de danos morais, R$200.000,00 (duzentos mil reais), fere o princípio da razoabilidade.

- CC Art. 944 – se houve dano foi mínimo, assim o valor pretendido é excessivo

- princípio da proporcionalidade

DO PEDIDO CONTRAPOSTO

- demonstrada a culpa do autor, comprovar os danos enfrentados pelo réu: R$1.700,00 que deixou de ganhar e R$3.000,00 referente ao conserto do veículo

- que, nesse caso, é o réu que tem direito a indenização: CC arts. 186 e 927

- fundamentar que no rito sumário não existe reconvenção, podendo o réu buscar um provimento de mérito positivo diretamente na contestação, sendo essa a técnica do pedido contraposto – CPC Art. 278, § 1º

DA DENUNCIAÇÃO DA LIDE

[ainda em razão do princípio da eventualidade, destacamos que é possível, no caso de condenação do réu, direito regressivo contra a seguradora. Observem no enunciado da questão a referência expressa a contrato de seguro, bem como a ocorrência do pagamento dos valores de dito contrato]

Caso o réu seja condenado ao pagamento de qualquer valor ao autor, tem direito de regresso contra a seguradora Hipótese de Sinistro S/A, CNPJ n..., com endereço.... Apresenta, anexo, o contrato e o comprovante dos valores devidos.

- fundamentar primeiro na existência do contrato de seguro: CC arts. 757 e seguintes

- mencionar depois a hipótese de trazer a seguradora ao processo: CPC art. 70, III.

- e que é lícito que isso seja feito no rito sumário: CPC art. 280

DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS

1) requer a intimação da parte contrária para, querendo, apresentar réplica, conforme arts. 326 e 327 do CPC;

2) requer a citação da seguradora, no endereço acima declinado, para todos os termos da presente ação e para que, aceitando a denunciação, conteste o pedido do autor, conforme art. 75, inciso I, do CPC;

3) requer o acolhimento da preliminar de ilegitimidade ativa quanto ao pedido de danos materiais, com a devida extinção desse pedido sem resolução do mérito, nos termos do art. 267, VI, CPC;

4) no mérito pede a improcedência dos pedidos do autor, pela inexistência dos elementos necessários a configurar a obrigação de indenizar do réu, com julgamento conforme art. 269, I, CPC;

5) julgado improcedentes os pedidos do autor, pede a procedência do pedido contraposto para condenar o autor a pagar ao réu as quantias de R$1.700,00 (hum mil e setecentos reais), pelo que deixou de ganhar e R$3.000,00 (três mil reais) em razão do conserto do veículo, tudo acrescido de correção monetária e juros na forma legal;

6) entretanto, caso V. Exa., em respeito ao princípio da eventualidade, venha a condenar o autor, pede a fixação dos danos morais em valor muito inferior ao pretendido, com a devida aplicação do princípio da proporcionalidade;

7) caso o réu seja condenado ao pagamento de qualquer valor, pede desde já a procedência do pedido de regresso contra a seguradora denunciada;

8) pede a condenação da parte contrária ao pagamento das despesas e honorários, a serem fixados conforme art. 20 do CPC;

9) requer provar o alegado por todos os meios de prova admitidos, notadamente prova documental e testemunhal, sendo que abaixo, nos moldes do art. 278, CPC, o rol de testemunhas:

- testemunha 01: nome..., profissão..., residência..., local de trabalho...

- testemunha 02: nome..., profissão..., residência..., local de trabalho...

[o enunciado menciona a apresentação de testemunhas, e os elementos de qualificação estão de acordo com o preceito esculpido na norma no art. 40-7 do CPC]

10) requer seja declarado precluso o direito do autor de realizar a prova testemunhal, posto que deixou de apresentar, na inicial, o respectivo rol de testemunhas.

[o enunciado precisa que o autor não apresentou o rol de testemunhas, e, conforme art. 276 do CPC, está precluso esse direito]

[apesar do pedido contraposto não há valor de causa na contestação]

Termos em que,

Pede deferimento

Local..., Data...

Advogado...

OAB n...



terça-feira, 22 de dezembro de 2015

OAB 2A ETAPA CIVIL | PEÇA SIMULADA 01

PEÇA SIMULADA 01 (simulada pelo Prof. Ival)

[Caro aluno(a), estaremos postando a resposta dessa questão em aproximadamente 48 horas]

Diego Armando Messi Riquelme, argentino, junto com sua família, veio passar férias no Brasil, na cidade de Florianópolis/SC fazendo a locação de um veículo Honda Civic, junto a Locadora de Veículos Ilha Ltda.

Passou a utilizar o veículo em seus passeios, quando, em determinado dia, entrou numa contramão de direção, abalroando o veículo Uno Mille, ano 1998, de propriedade e conduzido pelo pequeno produtor rural Pedro Messias do Carmo, que, utilizando o carro para levar produtos para o mercado, trafegava em sua mão de direção. Referido acidente, conforme BO, ocorreu na rua das Acácias, esquina com a rua Topázio.

Diante desse fato, o argentino ajuizou uma ação de indenização, frente ao Sr. Pedro, pelo rito legal, distribuída à 49ª vara cível de Florianópolis/SC, argumentando que, sendo desconhecedor das leis de trânsito brasileiras, não entendeu que a placa existente na esquina das ruas ditava mão de direção contrária àquela por ele assumida, razão pela qual, por estar o outro veículo com velocidade excessiva, é que ocorreu o acidente, não tendo tempo de evitar a colisão. Argumenta mais, que está sendo cobrado pela locadora, a quantia de R$20.000,00, pelos danos (nota de serviço e de cobrança anexa à inicial), o que tem lhe tirado o sono, gerando grande desconforto emocional.

Em razão do acima apresentado, faz os seguintes pedidos: a) danos materiais pelo prejuízo ao veículo de R$20.000,00; b) danos morais a ser arbitrado por quantia não inferior a R$200.000,00. Apresenta requerimento de prova testemunhal, sem juntar o rol.

Você é procurado pelo Sr. Pedro, que lhe narra, além dos fatos acima já apresentados, que em razão do acidente ficou durante todo um mês privado de seu transporte, deixando de levar ao mercado seus produtos, sua única fonte de renda, que lhe gera um valor mensal de R$1.700,00. Apresenta notas fiscais do valor de R$3.000,00, referentes ao conserto de seu veículo, além de uma relação de 02 testemunhas que poderiam comprovar que, quando do acidente, ele não estava com velocidade excessiva.

Apresenta, além dos documentos convencionais, contrato de seguro com a seguradora Hipótese de Sinistro S/A, além dos boletos mensais devidamente quitados.


Assim, apresente como advogado do Sr. Pedro toda a defesa processual e de mérito possível, primando pela defesa ampla dos direitos do réu.